Hoje fui à feira e um feirante puxou conversa comigo, enquanto eu escolhia minhas laranjas. Foi mais ou menos assim:
Rapaz, que azar. Montei uma start up a partir da minha casa, o negócio começou a dar retorno e eu investi nela, coloquei uma internet boa em casa… Compro produtos em promoção e revendo no Mercado Livre e no OLX. Comecei a crescer, diversifiquei minha oferta, investi em celulares… Tenho um estoque de produtos … (Me oferece uma cestinha pra eu colocar mais laranjas) … Tenho até um carro à venda.
De uns meses pra cá parei de vender, só tenho visualização -muita visualização-, mas nada de compras. Só isso, patrão? (Pega minhas laranjas e vai colocando numa sacola).
Eu vejo muito vídeo de coaching na internet, vejo o Seiiti Arata. Dá vontade de ver mais, mas aí é pago e já estou fazendo outros dois cursos no mesmo valor.
Eu comento da retração na economia e da crescente insegurança das pessoas em comprometer suas reservas com bens de consumo e pergunto se ele não acha que essa poderia ser a causa. Ele expressa um certo desconforto e responde:
Outro dia foi um senhor lá em casa, ele tem 51 anos. Ele disse que tinha R$4500 guardados e que ia fazer uma reforma, mas desistiu porque um economista disse na TV que o momento era de economizar. Ora, o economista leva um monte de coisa em consideração quando fala isso, não é que não é pra fazer mais nada. (Me entrega as laranjas e pega o dinheiro)
Aqui o troco patrão, boa semana.
“Obrigado e boas vendas para sua start up”, respondo, antes de correr pra casa.
Sejam bem-vindos ao “Do It Yourself MBA”. Encontrar pessoas assim me faz ter um pouquinho de esperança no futuro da economia.
Por favor, não “matem” essas pessoas.
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