Aaaaah! Alguns telefonemas pra mudar coisas de dia e horário, a sorte de ter comprado a passagem pro último ônibus, uma pequena correriazinha e…
…consegui pegar a estréia de Control! Cheguei e a sessão já estava esgotada, mas consegui ainda entrar quando liberaram para quem quisesse sentar no chão. Tirando o fato de eu ter ficado com a bunda quadrada e do projecionista ter esquecido de mudar o formato de tela para wide (deixando todo mundo magrinho) nos primeiros minutos, só posso falar bem da experiência. Corbijn conseguiu fazer com seu estilo intimamente ligado à música e perfeccionismo fotográfico o que dificilmente alguém consegue fazer com um filme biográfico. Sem falar nos atores, que realmente tocavam as músicas da banda e na atuação do “Ian Curtis” que incorporou tão perfeitamente os trejeitos do original que era impossível lembrar que não era o Curtis verdadeiro se apresentando ali.
A impressão que tive da fotografia do filme é que cada quadro (e são uns 25 por segundo) isoladamente é uma fotografia única e perfeita. Sem mudanças rápidas de posição da câmera ou mobilidade exagerada dos elementos no cenário, por vezes se confundem a linguagem da fotografia estática com a do cinema, a sensação é a de que estamos vendo um álbum de fotos de família, sobre o qual a história acontece.
E a tarefa de mostrar um garoto confuso, precipitado que se vê acometido por uma doença grave e pouco conhecida ao mesmo tempo em que sua banda se torna uma das mais influentes de sua geração foi cumprida com méritos, ou mais que isso.
A trilha sonora, além de contar com a poderosa música do Joy Division, ainda reserva um espaço para subliminarmente mostrar a semente da transformação do Joy Division em New Order colocando Autobahn, do Kraftwerk, como pano de fundo quando a banda começa a pegar a estrada para fazer shows. Nada como entender das coisas, né Corbijn?!?
A iluminação e o preto e branco granulado característicos da fotografia de Corbijn contribuem para acentuar o apelo dramático que a história de Ian Curtis apresenta, per se. A confusão e a perda do controle se resumem em uma frase, dita pelo próprio Ian Curtis: “Até os que me amam me odeiam”. O filme terminou com o silêncio de quase cumplicidade da platéia, contagiada pelo desespero e a inevitabilidade de seu desfecho.
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