Voltando às Origens

Escrevi muito sobre a importância que a programação teve na minha formação e a influência que ela ainda tem no meu dia-a-dia. Acabei saudosista das tardes hackeando joguinhos na adolescência, então resolvi sentir um pouco daquela sensação de novo.

O que eu mais fazia era disassemblar jogos do meu MSX e buscar nas instruções uma sequência que decrementasse um valor a patir de uma posição de memória, e saltava para outro endereço do programa caso o resultado fosse zero. Trocar aquela instrução de decremento por “nada” (No OPeration) frequentemente me dava vidas infinitas nos joguinhos que eu não conseguia terminar sozinho.

Pensando nessa época lembrei do mercado de Jogos no Brasil, desde o Atari, em que praticamente a totalidade dos Consoles eram cópias não autorizadas do Atari 2600, feitos por empresas como Milmar, Dismac e CCE. O mercado de cartuchos então era muito maior, com empresas de fundo de quintal que produziam cópias em EPROM dos cartuchos. Além de copiar, alguns ainda tinham a cara de pau de mudar elementos gráficos dos jogos, principalmente as mensagens de Copyright

Então, resolvi fazer o mesmo com o Atari 2600, uma plataforma bem mais complicada de programar, muito limitada, construída a partir de hardware otimizado para jogos como “Pong” e derivados, mas que alguns programadores lendários conseguiram extrair muito leite dessa pedra.

Eu escolhi um dos jogos que mais admiro para essa “homenagem vandalismo”, Berzerk.

De posse de um script python simples pra fazer um dump do arquivo imagem da ROM e me ajudar a localizar os elementos gráficos visualmente, localizei e alterei alguns elementos de construção do “labirinto”. Na minha versão as paredes verticais tem alguns buracos, isso faz com que seja possível atirar através deles.

Adicionei minhas iniciais em algumas das paredes e mexi com uma das quinas, trocando por um “+”. Quanto às iniciais, aqui uma coisa fica evidente: Na maioria dos jogos do Atari o campo de jogo é simétrico, isso era uma característica implementada no Hardware e muitos programadores fizeram uso criativo disso.

Também troquei as explosões, o smiley chamado de “Evil Otto” que aparece pra te forçar a avançar no jogo, além dos indicadores de vidas por maçãzinhas. Porque eu quis.

Como fizeram as outras empresas que pirateavam os jogos, também alterei a mensagem de copyright, que deixou de ser (c) 1982 Atari e passou a ser “Maçan 2025” porque, afinal, era o que os piratas da época faziam com os jogos.

Pra ser mais divertido ainda, eu fiz os meus designs usando papel quadriculado, que é como a gente desenhava os sprites monocromáticos dos joguinhos. O Eduardo de 12 anos adorava fazer isso.

O que mais deu trabalho foi a mensagem de copyright. Por razões que não cabem explicar aqui, essa mensagem está em blocos “de cabeça para baixo” e com os bits espelhados, então deu mais trabalho colocar na ordem certa.

Mas aí está essa aberração minha homenagem completa

E você pode jogar online, graças ao fantástico emulador javatari, que emula o hardware completo do Atari 2600 em javascript, feito pelo Paulo Peccin, clicando aqui


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