100 colpi di spazzola prima di andare a dormire

É, eu reconheço, li o livro da “bruna surfistinha” italiana.

Mas a comparação entre Melissa Panarello e Rachel Pacheco para por aí (Melissa parece ser realmente inteligente, além de ser realmente bonita). Até porque não tenho como comparar os livros, não li o da surfistinha. Quem sabe se lançarem em italiano? (Embora como tenha me dito Faber pelo msn sobre o cem escovadas… “o idioma nao torna a publicacao mais nobre… :P”) E isso nos remete à minha justificativa para ler esse livro: O filme estava em cartaz e o encontrei no original em uma livraria. Como há muito me falta o tempo para estudar italiano, sempre que posso leio e assisto o que estiver à mão nessa língua. Ao vê-lo, imaginei ser adequado a meu propósito por provavelmente não ser uma leitura tão difícil.

Estava certo, a leitura é fácil, tanto quanto a personagem. Não vejo outra razão para o sucesso desse livro que não seja o fator “escândalo” de uma menina de 15 anos passar por tamanha degradação e divulgá-la ao publicar um livro dito “autobiográfico”. Apóio a opinião pública italiana e sua dúvida quanto à autora tê-lo escrito sozinha, quiçá ter vivido aquilo. Vivemos tempos em que as pessoas escondem seus “Eus” reais atrás de imagens projetadas, idealizadas ou mesmo fantasiosas. O que antes era um aspecto secundário de personalidades, hoje é o portão principal de acesso às pessoas que se relacionam principalmente por meios isentos de qualquer tipo de contato.

O que era patológico, hoje é quase natural. É normal ter, viver e acreditar em seu “Eu lírico”, por menos lírico que seja, ou por menos seu… triste. Realidade e fantasia confundem-se, perigosamente.

Mas voltando às 100 escovadas: Muita degradação, pouca profundidade. A profundidade existe, mas é sutil e sugerida… deixada como exercício para o leitor.

Acabei tendo alguma simpatia pelo livro pois eu também passei por meu inferno pessoal (nem de longe parecido nem relacionado com aquele do livro, diga-se de passagem 😛 ) e pude em um plano metafórico relacionar-me com o que li. Embora raso e previsível, (nesse ponto realmente parece escrito por uma adolescente de 16 anos média) traz à tona o sentimento de alguém que forçado a viver uma realidade dolorosa durante muito tempo encontra-se finalmente com a normalidade.

A normalidade, tão morna e insossa para muitos, é algo inacreditável para quem não teve a oportunidade de experimentá-la. Grandiosa e harmônica, de dar medo. De fazer com que os outros ouçam o seu coração batendo de tão forte, frente a situações tão simples, tão … normais.

Este é para mim o único aspecto positivo e cativante do quase pornográfico “100 escovadas antes de ir para a cama” , de Melissa P (poderia ser Cristiane F, ou qualquer outro “Nome+letra” a cada geração surge uma).

Nota 5 de 10.

P.S. A autora cita Bukowski como sendo uma influência pessoal… talvez você goste, psycho.


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Comentários

10 respostas para “100 colpi di spazzola prima di andare a dormire”

  1. Avatar de Jana

    No possibile, certo di normale! hehehe…
    “Naturalmente, tutti hanno bisogno di spostare la parola!!!” (Penso che questo sia uno di musica americana…)
    😉

  2. Avatar de Andressa

    Ehauahuahau… Ok, finalmente houve uma exceção as regras. Rsrs… Mas eu pensava que a frase “Nao vamos generalizar” jamais seria pronunciada pelo senhor. Me parece tão imparcial e tolerante a uma personalidade tão…contestadora? É, esse é o termo, rsrsrs. Contestadora de maneira positiva, por favor, rs. 🙂

  3. Avatar de Fabio Brito - PsychoPenguin

    Puritano demais para meus moldes.

  4. Avatar de Faber

    Bom, eu disse que todos os desajustados gostam de Bukowski, mas nem todos os que gostam de Bukowski sao desajustados…

    Nao vamos generalizar neh! ehehheeh hehehehehehe 😛

  5. Avatar de Andressa

    Não consigo ver nada de pesado em situações de normalidade. Pelo contrário. Não há nada tão bom quanto a simplicidade… sejam em momentos, sejam em pessoas. Acho que simplicidade vem acompanhada com aquilo que é verdadeiro, sincero. Acredito que essa seja a razão para torná-la tão forte, grandiosa, harmônica… Para que possa fazer um coração bater.

    Rsrs, poxa, mas a Jana e o Psycho não são desajustados… Exceção a Bukowski?

    Beijo Beijo ^^

  6. Avatar de Faber

    Bom, os 3 sairam do mesmo caldeirao do inferno. O pior eh que nem a morte cessa as asneiras que esses caras disseram, fizeram e que a midia perpetuou…

  7. Avatar de Eduardo Maçan

    Hahahahah, Mais que Jim Morrison e Kurt Cobain, Faber?

  8. Avatar de Faber

    Pois eh, o idioma realmente nao faz da publicacao mais ou menos nobre, a nao ser o alemao, ai ja seria outra estoria… 😛

    As vezes penso que a realidade pura, simples, normal e insossa eh muito mais pesada pro ser humano pos-moderno, do que essas personagens libertinas e compulsivas. Deveira ser o contrario, afinal sustentar uma vida em que cada dia tem que obrigatoriamente ser mais chocante, espalhafatoso e pervertido que o anterior, deve deixar as pessoas loucas. Eu falo isso por experiencia propria, nao que eu mesmo tenha tido essa patologia, mas, como vc bem sabe, ja tive um encosto desse tipo.

    Agora, me fala uma coisa, Bukowski esta na lista de preferidos de 11 entre 10 desajustados. Incrivel! Nao ha um desajustado que eu nao tenha conhecido (e ja conheci muitos) que nao falem de Bukowski. O cara escreveu tanta bosta que nem da pra acreditar que tenha nascido na Alemanha… 😛

  9. Avatar de Eduardo Maçan

    Hoje, Jana… no mundo real todo mundo que entra no msn e orkut se acha um “poeta” hahahah

    Mas concordo com você 🙂

    E não é a primeira vez (e nem a última) que vendem ficção por realidade. Isso já vem desde que acidentalmente Orson Welles provocou pânico generalizado com a transmissão por rádio de “Guerra dos Mundos”

  10. Avatar de Jana

    Veja como leitura é realmente bom! Por isso que adoro um livro, ler. Por mais, sem exagero, citado medioocre, conseguimos tirar tanto aproveitamento, que nos passa como uma lição.

    E como já dizia Pessoa, “Todo poesta é um fingidor”, então digamos também, “todo escritor é um sonhador…”, nas histórias como nas poesias, a verdades, sonhos, sentimentos, mentiras, ilusões, vontades, uma maneira de desabafar, aquilo que carregamos nos corações, e nas imaginações…

    “Sou poeta, sou fingidor, sou um eterno, sonhador…”

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