Lembro de uma aula de desenho que assisti na TV cultura uma vez em que o professor ensinava a técnica de desenhar um objeto; não observando o objeto em si mas desenhando o espaço ao seu redor. Conta a lenda que Michelangelo teria dito sobre sua estátua de Davi: “A estátua sempre existiu, eu só retirei do mármore o que não era Davi“. Nada existe sem um oposto que o defina.
Na cultura chinesa o conceito de complementaridade dos opostos chega ao limite de considerá-los iguais, ou mais precisamente: uma única coisa, em fases diferentes. Tudo ao atingir seu ponto máximo passa a se transformar em seu oposto. Yin e yang, que em constante mutação carregam em si a semente do outro.
Cheguei à conclusão que devemos, ao contrário do que aparentemente mandaria a boa educação, observar bem mais atentamente os defeitos das pessoas com quem buscamos relacionamentos, sejam de amizade, profissionais ou românticos, do que nos deixar levar por seus encantos.
Não me lembro de ter presenciado em minha vida um só caso de incompatibilidae por conflito de qualidades. Já os problemas de convivência e decepções que tive, sem exceção, se deram em razão de meus defeitos se chocarem de frente com os defeitos de outro indivíduo.
Acho que perdemos tempo demais procurando e admirando qualidades no outro quando o segredo parece estar em nos associarmos a indivíduos capazes de tolerar nossos defeitos e cujos defeitos também possamos tolerar sem grandes esforços ou prejuízos.
Comente de volta!