Após praticamente uma vida dedicada à tecnologia (eu comecei a programar com 11 anos, antes disso só sabia brincar de construir robôs e naves espaciais com frascos de shampoo vazios e outros descartes domésticos) eu cheguei à conclusão que já dediquei tempo demais a um único aspecto vocacional.
Com o apoio da minha família (minha mãe sempre disse que eu cantava bem e era bonito… ela nunca mentiria para mim) resolvi abraçar a carreira artística e pedi demissão do meu atual emprego em TI.
A partir de hoje estarei inaugurando uma exposição de minhas instalações na Casa das Rosas, venerado centro cultural e artístico na avenida Paulista. Não exatamente dentro dele, mas na calçada em frente.
Minha exposição conta com esculturas feitas de lama retirada do fundo do rio tietê pelas dragas e escavadeiras que estão alargando seu leito. É uma expressão reducionista de outra face do desenvolvimento social, derivada dos decadentes arquétipos progressistas trazidos à tona pelo imperialismo globalizado numa era em que a comunicação interpessoal ajuda a transcender, ou mesmo sublimar, a real importância do indivíduo frente aos padrões hedonarcisistas vigentes impostos ao cidadão comum pela mídia de massa de forma míope, polarizada e unilateral, não deixando outra alternativa à arte, senão tergiversar.
O preço do ingresso para a exposição é quanto você puder dar, um quilo de alimento não perecível, uma moeda, um passe de metrô, uma tele-sena do ano passado ou uma unidade de conhecimento livre transmitido de maneira colaborativa, construtivista e solidária.
Por um mundo livre, de arte.
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