Linux deixa de ser sistema só de gente grande

(Matéria Originalmente postada no Caderno de Informática do Jornal o Estado de São Paulo em 09/08/2004. Fonte)

Incentivadas pelos pais, crianças viram fãs mirins do sistema de código aberto e não querem usar Windows

CIBELE GANDOLPHO

Toda vez que o Windows trava no computador do curso de informática da escola, Nathany Christine Claro, de 7 anos, reclama com a professora dizendo que se estivesse utilizando o sistema operacional Linux isso não aconteceria.
Crianças como Nathany, que virou uma verdadeira admiradora do sistema de código aberto, estão cada vez mais comuns. Geralmente, seus pais são pessoas que também utilizam o Linux ou trabalham com o sistema. É o caso de pai e filho hacker: pai geek, filho geek.

O engenheiro de computação Eduardo Marcel Maçan, fã do software livre, já usa o Linux há cerca de 10 anos e seu filho Leonardo já tem seu próprio blog feito em Linux.

O pai, o engenheiro de computação Eduardo Marcel Maçan, fala com orgulho do herdeiro. “Nós não temos Windows em casa, ele prefere o Linux por ser mais maleável. Quando encontra algum dificuldade nos jogos, costuma procurar soluções para facilitar para ele”.

Leonardo diz que já sente falta do sistema da Microsoft quando quer jogar algum game de revistas de banca que vem com CD-ROM. “Esses só rodam em Windows”, ressalva o pequeno que joga games de Lemmings e Tux Racer usando o Linux.

O sistema operacional aberto já foi assimilado até como tema de trabalho de escola.

A garota Mariana Iglesias, de Porto Alegre (RS), veste literalmente a camisa do Linux. Sua mãe, Fabiana Iglesias, é membro do Projeto Software Livre (PSL), organizadores do Fórum Internacional de Software Livre, e convenceu os filhos desde pequenos. “Ela tem amigos hackers e naturalmente os filhos acabam se familiarizando com esses brinquedos”, conta Fabiana.

Vestindo a camisa

Mariana fez, em ambiente Linux, páginas web, navega por fotos, publica galerias de fotos, edita já criou um domínio virtual e usa comandos semelhantes aos de um IRC. A garota ainda monta máquinas usando Kurumin (uma versão simplificada do Linux) e usa para editar desenhos feitos por ela mesma.

Segundo Fabiana, o Brasil é um dos países que mais têm se destacado na área de inclusão digital, “inclusive em comunidades carentes”.

Em escolas de cidades do interior, programas de incentivo à inclusão digital já estão familiarizando as crianças com o Linux.

Escolas

O projeto Linux para escolas foi desenvolvido justamente para introduzir as crianças ao sistema. Existe uma idéia enganosa de que as crianças devem ter o primeiro contato com o micro utilizando o Windows.

“Mas o Linux é um sistema fácil de aprender e que não apresenta maiores dificuldades para quem quer utilizá-lo desde o início”, afirma Fabiana Iglesias.

O Saci, sistema desenvolvido pela Coordenadoria de Governo Eletrônico e baseado na distribuição Debian, uma das mais utilizadas pelos cerca de 30 milhões de usuários GNU/Linux no mundo.

O Saci reúne diversos softwares livres, editores de texto e planilhas de cálculo e processadores de imagem. Esse pacote de programas está presente nos 106 telecentros instalados na cidade. Além dos telecentros, os Centros Educacionais Unificados (CEUs) também estão instalando em massa o Linux para atendimento à população, incluindo crianças.

Softwares

Quem não abre mão do Linux, mas não quer ficar por fora de novos joguinhos ou novidades, pode acessar vários sites da internet que oferecem download de programas que rodam no sistema.

Um deles é o Gcompris (http://w3m.de/fsg/gcompris/) — destinado às crianças e de uso educativo.

Há também o Xlogical, um jogo de lógica no qual o usuário tem de agrupar peças semelhantes de cor. Há também o clone do Tetris, bem conhecido.

E quem quiser se aprofundar pode acessar o site Linux for Kids (http://www.linuxforkids.org/Portuguese_index.html).



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