Há alguns dias morreu Leslie Nielsen, aclamado como grande comediante e lembrado por (divertidíssimos) besteiróis como “Corra que a polícia vem aí” ou “Apertem os cintos, o piloto sumiu“, poucos comentaram sobre sua atuação dramática em clássicos como “O destino do Poseidon“, ou um filme de 1956 que foi um grande marco para a indústria cinematográfica e para o gênero da ficção científica: “O planeta proibido”.
Este foi o primeiro filme com trilha sonora incidental e efeitos sonoros completamente eletrônicos. Os cientistas que criaram circuitos para produzir sons especialmente para as cenas sequer puderam ser creditados como compositores graças à oposição do sindicato dos músicos dos EUA. Foram creditados pela “ambiência eletrônica”. Eles criaram os circuitos, pois ainda não havia sintetizadores comerciais, Robert (Bob) Moog só os comercializaria nove anos depois.
Neste filme, após anos sem contato com exploradores em Altair IV, uma missão liderada pelo capitão J. J. Adams (Leslie Nielsen) é enviada para averiguar o que pode ter acontecido. Claro, o que encontram lá não é exatamente o que esperavam…
Difícil decidir o que gosto mais neste filme: A nave em forma de disco? O mistério ao redor dos Krell – as formas de vida de Altair IV? A Beleza de Altaira (Anne Francis)?
A beleza de Anne Francis merece um comentário: Altaira é a única mulher na história, filha única do único cientista sobrevivente no planeta, cresceu sem jamais ter encontrado outro homem que não seu pai. A tripulação da expedição de resgate é composta exclusivamente de homens que estão há algum tempo no espaço.
Além de suspense, este filme explora alguns elementos e situações de tensão sexual, o ápice da qual é a cena em que Adams (Nielsen) explorando a propriedade do Dr. Morbius encontra Altaira nadando na piscina:
Altaira: Venha, entre! (na água)
Adams: Não trouxe roupa de banho…
Altaira: O que é roupa de banho?
Adams: (Olhando rapidamente pro outro lado) Oh, morte!
Embora a Sra. Francis esteja nitidamente utilizando um maiô cor de pele, duvido que os pré-adolescentes de 1956 tenham notado… imagino o que isso tenha causado na cabeça deles.
Aliás, o que O planeta proibido causou na cabeça das pessoas é fácil de se perceber.
O robô do filme, Robbie The Robot, se tornou uma referência para robôs em filmes, séries de ficção científica, desenhos animados e brinquedos, com seu domo de vidro. A influência fica evidente no robô de Perdidos no Espaço, por exemplo.
Um dos primeiros computadores vendidos em Kit se chamava Altair , existe um monitor de performance para linux chamado GKrellM mas talvez a mais expressiva, adorada e desconhecida de todas as influências: Gene Rodenberry, criador de Star Trek, inspirou-se em grande parte neste filme para a criação de sua reverenciada série. A hora no relógio em que a nave entra em órbita no Planeta Proibido, 17:01 tornou-se a designação da mais famosa nave espacial de todos os tempos, a NCC-1701 Enterprise.
Outras similaridades gritantes são identificáveis, não é mesmo, Capitão Kirk?
Descanse em Paz, Leslie Nielsen.
Aqui o trailer de Forbidden Planet, com a cena da piscina. Reparem no letreiro de abertura se não lembra ainda outro clássico de ficção científica de uns 20 anos depois… 😉
Comente de volta!